De volta pra casa


Decorridas três semanas, após um período voluntário de isolamento, volto a publicar neste espaço, ainda entristecida pelo passamento da saudosa e querida Neusa Fiesta, para quem prestei uma homenagem póstuma na minha última publicação: Fiesta no Céu.

Nunca a famosa frase de Antoine de Saint-Exupèry foi tão legítima: "Aqueles que passam por nós... Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."

Nesses dias, dediquei-me aos familiares e amigos de longa data e manifestei a preocupação em saber como estão, para que eu não seja surpreendida e eles sejam tirados desta estrada sem que eu possa demonstrar o quanto eles significam, pois o amanhã pode não chegar...

Foi tão bom ter o abraço carinhoso de todos e as conversas ao pé de ouvido com estas pessoas que, se eu tivesse o poder de parar o tempo... Seria assim que eu gostaria de permanecer: junto àqueles que ficam alegres em nos receber de braços abertos, com um sorriso sincero e espontâneo nos lábios.

A um ausente, poesia de Carlos Drummond de Andrade, retrata bem meu estado de espírito neste momento, e o vídeo De volta pra casa, vai de encontro com o que penso sobre nossa passagem nesta vida efêmera.

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste

e sem te despedires foste embora.

Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudade.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

4 comentários:

  1. Bonitas e sábias palavras, amiga Orvalho do Céu!
    Agradeço o carinho da presença e fica aqui meus votos de uma Feliz e Santo Natal.
    Um grande abraço,
    Yolanda

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  2. Olá!

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  3. Lindo Yolanda, tanto as palavras quanto o vídeo.Realmente a vida "voa" às vezes por nós pilotada, às vezes vamos a reboque, sem entender as coisas pelas quais temos que passar. São os mistérios da vida acredito.
    Grande abraço!

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  4. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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Este blog foi criado em 2009, por causa das lindas apresentações recebidas de contatos conhecidos, que dedicam parte de seu tempo formatando textos com imagens e canções belíssimas.
Espero que você aprecie e deixe seu comentário.
Meu forte abraço,

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